11.12.2009

Exercícios de Português

CENTRO EDUCACIONAL – SESI Nº. 166

Nome ___________________________________________nº. ____ data ___/___/___

CICLO IV – INICIAL ( ) FINAL ( ) A ( ) B ( ) C ( )

Disciplina: Língua Portuguesa Profª. Silvia

Objetivo: Interpretar os textos abaixo.

Critérios Avaliativos: resposta à tinta, sem rasuras e marcação de apenas uma alternativa.

DEBAIXO DA PONTE

Moravam debaixo da ponte. Oficialmente, não é lugar onde se more, porém eles moravam. Ninguém lhes cobrava aluguel, imposto predial, taxa de condomínio: a ponte é de todos, na parte de cima; de ninguém, na parte de baixo. Não pagavam conta de luz e gás, porque luz e gás não consumiam. Não reclamavam contra falta dágua, raramente observada por baixo de pontes. Problema de lixo não tinham; podia ser atirado em qualquer parte, embora não conviesse atirá-lo em parte alguma, se dele vinham muitas vezes o vestuário, o alimento, objetos de casa. Viviam debaixo da ponte, podiam dar esse endereço a amigos, recebê-los, fazê-los desfrutar comodidades internas da ponte.

À tarde surgiu precisamente um amigo que morava nem ele mesmo sabia onde, mas certamente morava: nem só a ponte é lugar de moradia para quem não dispõe de outro rancho. Há bancos confortáveis nos jardins, muito disputados; a calçada, um pouco menos propícia; a cavidade na pedra, o mato. Até o ar é uma casa, se soubermos habitá-lo, principalmente o ar da rua. O que morava não se sabe onde vinha visitar os de debaixo da ponte e trazer-lhes uma grande posta de carne.

Nem todos os dias se pega uma posta de carne. Não basta procurá-la; é preciso que ela exista, o que costuma acontecer dentro de certas limitações de espaço e de lei. Aquela vinha até eles, debaixo da ponte, e não estavam sonhando, sentiam a presença física da ponte, o amigo rindo diante deles, a posta bem pegável, comível. Fora encontrada no vazadouro, supermercado para quem sabe freqüentá-lo, e aqueles três o sabiam, de longa e olfativa ciência.

Comê-la crua ou sem tempero não teria o mesmo gosto. Um de debaixo da ponte saiu à caça de sal. E havia sal jogado a um canto de rua, dentro da lata. Também o sal existe sob determinadas regras, mas pode tornar-se acessível conforme as circunstâncias. E a lata foi trazida para debaixo da ponte.

Debaixo da ponte os três prepararam comida. Debaixo da ponte a comeram. Não sendo operação diária, cada um saboreava duas vezes: a carne e a sensação de raridade da carne. E iriam aproveitar o resto do dia dormindo (pois não há coisa melhor, depois de um prazer, do que o prazer complementar do esquecimento), quando começaram a sentir dores.

Dores que foram aumentando, mas podiam ser atribuídas ao espanto de alguma parte do organismo de cada um, vendo-se alimentado sem que lhe houvesse chegado notícia prévia de alimento. Dois morreram logo, o terceiro agoniza no hospital. Dizem uns que morreram da carne, dizem outros que do sal, pois era soda cáustica. Há duas vagas debaixo da ponte.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Debaixo da ponte. In: Obra Completa,

Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1967, p. 896-897.

  1. No primeiro parágrafo, ao introduzir o cenário, o narrador já anuncia o envenenamento das personagens quando diz
  1. Ninguém lhes cobrava aluguel.
  1. Não pagavam conta de luz e gás.
  2. Não reclamavam contra falta d’água.
  3. Problema de lixo não tinham.

  1. O narrador, ao não atribuir nomes próprios as personagens, busca apresentá-los como:
  1. Desiludidos de sociedade urbana.
  1. Excluídos dos direitos de cidadania.
  2. Representantes de grupos sociais diferentes.
  3. Tipos sociais de prestigio.

  1. Ao terminar o texto com a afirmação “ Há duas vagas debaixo da ponte”, o narrador sugere que a tragédia será
  1. repetida.
  1. Transformada
  2. Revertida
  3. Averiguada

  1. Ao trecho em que aparece o primeiro fato que gera o conflito da narrativa é :
  1. Á tarde, surgiu precisamente um amigo (...)
  1. E iriam aproveitar o resto da dia dormindo (...)
  2. Um de debaixo da ponte saiu a caça de sal.
  3. E a lata foi trazida para debaixo da ponte.

  1. A perspectiva de quem narra é marcada por
  1. satisfação.
  1. Espanto.
  2. Naturalidade
  3. Horror.


    O Bicho

    Vi ontem um bicho

    Na imundice do pátio

    Catando comida entre os detritos.

    Quando achava alguma coisa,

    Não examinava nem cheirava:

    Engolia com voracidade.

    O bicho não era cão,

    Não era gato,

    Não era rato.

    O bicho, meu Deus, era um homem.

  1. A expressão “Engolia com voracidade” refere-se ao
  1. cão
  1. gato
  2. rato
  3. homem

  1. A expressão “não examinava nem cheirava” reforça a idéia de:
  1. cão
  1. bicho
  2. gato
  3. rato






  1. O momento decisivo do poema acontece
  1. Na terceira estrofe.
  1. No terceiro verso.
  2. No sexto verso.
  3. Na quarta estrofe.

  1. Considerando-se a acepção de dicionário da palavra bicho: “qualquer dos animais terrestres a exceção do homem” e o poema, pode-se dizer que o poeta criou uma imagem de
  1. contradição aparente
  1. afirmação incontestável.
  2. Definição confusa
  3. Conclusão insuficiente

  1. O sentimento do poeta que prevalece no poem é de:
  1. liberdade
  1. indignação
  2. nostalgia
  3. esperança

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